A objectividade era o alvo
O termo realismo, de uma maneira geral, é
utilizado na História da Arte para designar representações objectivas,
sendo utilizado como sinónimo de naturalismo.
Normalmente implica numa não idealização dos
objectos representados e numa preferência por temas ligados ao homem
comum, bem como à existência quotidiana.
Entretanto, em meados do Século 19, Gustave
Courbet, com a crença na pintura como uma arte concreta, que deveria
ser aplicada ao real, acaba por se tornar o líder de um movimento
chamado Realista, juntamente com Édouard Manet.
Uma reacção
ao Romantismo
Esse movimento, especialmente forte na França,
reagia contra o Romantismo e pregava o fim dos temas ligados ao
passado (como temas mitológicos) ou representações religiosas em nome
de uma arte centrada na representação do homem da época, em temas
sociais e ligados à experiência concreta.
Um dos primeiros pintores considerados
realistas é Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1875) que, com sua
pintura de paisagens provocou a admiração de artistas posteriores como
Cézanne.
COROT (Camille), pintor francês (Paris, 1796 - id.,
1875). Considerado um dos maiores mestres do séc. XIX, tanto pelas
suas paisagens quanto pelos seus retratos.
Foi um dos pioneiros a considerar os desenhos
que realizava ao ar livre como obras acabadas, que não necessitavam
dos estúdios. "Ilha de São Bartolomeu" é um exemplo de sua obra.
A influência
dos Pintores
de Barbizon
Extremamente importante para o Movimento
Realista foi a Escola de Barbizon (Corot era associado a ela), que se
propunha observar a natureza "com novos olhos", seguindo a inspiração
do paisagista inglês John Constable, que exibiu suas obras em Paris na
década de 1820.
CONSTABLE (John), pintor inglês (East Bergholt, 1776 -
Londres, 1837). É considerado um dos precursores do paisagismo
moderno. (V. Arte Inglesa.)
Seu nome deriva-se da reunião de um grupo de
pintores na aldeia francesa de Barbizon, floresta de Fontainebleau.
BARBIZON, França, com. do dep. de Seine-et-Marne (reg. adm.
de Melun); 1.189 hab. Nessa aldeia vieram trabalhar ou se
estabeleceram vários pintores, formando a escola de Barbizon (Corot,
Théodore Rousseau, Diaz de la Peña, Dupré, Millet, Huet, Decamps).
FONTAINEBLEAU, França, sede de cant. do Seine-et-Marne (reg.
adm. de Melun); 19.595 hab. Castelo construído para Francisco I
pelos arquitetos Le Breton, Serlio, Delorme, e decorado por Rosso e
Primaticcio. Napoleão I assinou aí sua abdicação em 1814. — Dá-se o
nome de escola de Fontainebleau a um grupo de artistas
animados pelos italianos que Francisco I contratara para decorar o
castelo de Fontainebleau, os quais tiveram como seguidores Jean
Goujon, Jean Cousin, Antoine Caron.
Os Pintores de Barbizon buscavam distanciar-se
da pintura tradicional, concentrando-se em aspectos da vida quotidiana
de homens simples, como os camponeses do local. Jean-François Millet
(1814 - 1875) era um de seus principais líderes.
Da paisagem
às figuras
Millet foi um dos pioneiros a incluir a
representação de figuras entre os objectos que deveriam ser
representados de forma realista (o realismo de Corot, por exemplo,
restringia-se mais às paisagens).
MILLET (Jean-François), pintor francês (Gréville,
Mancha, 1814 - Barbizon, 1875). É um dos mestres da escola de
Barbizon. Suas obras mais célebres são: O Ângelus e As
respigadeiras.
Queria pintar cenas da vida real, sem apelos
dramáticos, como atesta sua tela "As Respigadeiras" em que três
mulheres não idealizadas, com movimentos lentos, pesados e corpos
fortes e robustos trabalham na terra.
Diferentemente do neoclassicismo, quando
representava figuras no campo, esse quadro não possui exaltação ou
idílio da vida fora da cidade, apesar de valorizar o ato de colheita
pelo arranjo e equilíbrio da pintura.
Theodore Rousseau (1812-1867) e
Narcisse-Vergille eram outros nomes de destaque dentro da escola
Barbizon, conhecidos por seus trabalhos com as paisagens e estudos de
luz e cor que iriam posteriormente influenciar movimentos como os
Impressionistas.
Em busca da
verdade
Gustave Courbet, apregoava como seus
objectivos a busca da "verdade" e da sinceridade em suas
representações.
Acrescente-se um terceiro objectivo, que era
o de "chocar" a burguesia com o rompimento dos padrões estéticos
académicos.
Courbet foi, pois, outra grande influência
para os artistas da época, que se baseavam em seu estilo para realizar
suas pinturas.
Honoré Daumier, caricaturista, com suas
estampas satíricas, normalmente visando atacar a política de sua
época, é outro expoente importante e diferenciado do Movimento
Realista.
Um dos trabalhos deste artista, em que a
crítica social é mais enfatizada, é "Rua Transnonain, 24 de abril de
1874". Esse trabalho mostra soldados massacrando a população, em
represália às revoltas da época, ressaltando a desumanidade do ataque
governamental.
O Realismo
fora da França
O Realismo também se espalha fora da França,
em especial na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
Na Inglaterra, é especialmente expresso pela
"Irmandade Pré-Rafaelita". Para esse grupo, a arte, a partir de
Rafael, passou a desvalorizar a verdade, em busca de uma beleza
idealizada. Deveriam, portanto, voltar à época anterior ao mestre
Renascentista.
A irmandade tinha ainda forte apelo religioso,
pretendendo exaltar Deus através de suas pinturas "sinceras".
"A Anunciação", de Dante Gabriel Rossetti é
uma importante obra dessa escola.
ROSSETTI (Dante Gabriel), pintor e poeta inglês
(Londres, 1828 - Birchington, Kent, 1882), um dos iniciadores do
pré-rafaelismo. É mais conhecido como o autor de Baladas e
sonetos (1881). Sua irmã CHRISTINA GEORGINA (Londres, 1830 -
id., 1894), poetisa, é autora de Goblin market (1862).
Na Alemanha, destacam-se Adolph von Menzel
(1815-1905), Hans Thoma (1839-1934) e especialmente Wilhelm Leibl
(1844-1900), com sua obra mais conhecida, "Três Mulheres numa Igreja
de Vila". As fiéis são retratadas de maneira simples e forte, com
atenção aos detalhes e influências de mestres alemães do passado como
Dürer.
Nos Estados Unidos, destaca-se Winslow Homer
(1836-1910), com suas cenas da vida e paisagem americana e as da
Guerra Civil.
Cabe menção, também, a
Thomas Eakins, que assimilou o Realismo em seu treino em Paris. Este,
chegou mesmo a perder seu posto de professor na Academia de Belas
Artes da Pensilvânia, por insistir na observação de modelos nus em
suas aulas de desenho.
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